Friday, October 17, 2008

Mundo tem que abandonar obsessão por crescimento, diz revista - O Globo

        A Ciência e a crise financeira

Plantão | Publicada em 17/10/2008 às 05h51m
BBC



Em plena crise global, com governos e mercados preocupados com uma possível recessão mundial, a revista especializada britânica New Scientist foi às bancas nesta semana com uma capa na qual defende que a busca por crescimento econômico está matando o planeta e precisa ser revista.

Em uma série de entrevistas e artigos de especialistas em desenvolvimento sustentável, a revista pinta um quadro em que todos os esforços para desenvolver combustíveis limpos, reduzir as emissões de carbono e buscar fontes de energia renováveis podem ser inúteis enquanto nosso sistema econômico continuar em busca de crescimento.

"A Ciência nos diz que se for para levarmos a sério as tentativas de salvar o planeta, temos que remodelar nossa economia", afirma a revista.

Segundo analistas consultados pela publicação, o grande problema na equação do crescimento econômico está no fato de que, enquanto a economia busca um crescimento infinito, os recursos naturais da Terra são limitados.

"Os economistas não perceberam um fato simples que para os cientistas é óbvio: o tamanho da Terra é fixo, nem sua massa nem a extensão da superfície variam. O mesmo vale para a energia, água, terra, ar, minerais e outros recursos presentes no planeta. A Terra já não está conseguindo sustentar a economia existente, muito menos uma que continue crescendo", afirma em um artigo o economista Herman Daly, professor da Universidade de Maryland e ex-consultor do departamento para o meio ambiente do Banco Mundial.

Para Daly, o fato de o nosso sistema econômico ser baseado na busca do crescimento acima de tudo, faz com que o mundo esteja caminhando para um desastre ecológico e também econômico, dadas as limitações dos recursos.

"Para evitar este desastre, precisamos mudar nosso foco do crescimento quantitativo para um qualitativo e impor limites nas taxas de consumo dos recursos naturais da Terra", escreve.

"Nesta economia de estado sólido, os valores das mercadorias ainda podem aumentar, por exemplo, por causa de inovações tecnológicas ou melhor distribuição. Mas o tamanho físico dessa economia deve ser mantido em um nível que o planeta consiga sustentar", conclui Daly, que compara a atual economia a um avião em alta velocidade e a sua proposta a um helicóptero, capaz de voar sem se mover.
Reformar o capitalismo

Mas essas mudanças no sistema não serão fáceis. Em uma entrevista à revista, James Gustav Speth, ex-conselheiro do governo Jimmy Carter (1977-1981) e da ONU, afirma que o movimento ambiental nunca conseguirá vencer dentro do atual sistema capitalista.

"A única solução é reformarmos o capitalismo atual. Os Estados Unidos cresceram entre 3% e 3,5% por um bom tempo. Há algum dividendo deste crescimento sendo colocado em melhores condições sociais? Não. Os Estados Unidos têm que focar em indústrias sustentáveis, necessidades sociais, tecnologias e atendimento médico decente, e não sacrificar isso para fazer a economia crescer. Eu não defendo o socialismo, mas uma alternativa não-socialista para o capitalismo atual", diz.

Ele também faz críticas ao atual movimento ambientalista.

"A comunidade ambientalista, pelo menos nos Estados Unidos, é muito fraca quando falamos sobre mudança de estilo de vida, consumo e sobre sua relutância em desafiar o crescimento ou o poder das corporações. Nós precisamos de um novo movimento político nos EUA. Cabe aos cidadãos injetarem valores que reflitam as aspirações humanas, e não apenas fazer mais dinheiro.
Obsessão pelo crescimento

A revista também traz um artigo que discute o argumento de que o crescimento econômico é necessário para erradicar a pobreza e que quanto mais ricos ficam alguns, a vida dos mais pobres também melhora. É a chamada Teoria do Gotejamento.

Segundo Andrew Simms, diretor da New Economics Foundation, em Londres, este argumento, além de "não ser sincero", sob qualquer avaliação, é " impossível".

"Durante os anos 1980, para cada US$ 100 adicionados na economia global, cerca de US$ 2,20 eram repassados para aqueles que estavam abaixo da linha de pobreza. Durante a década de 1990, esse valor passou para US$ 0,60. Essa desigualdade significa que para que os pobres se tornem um pouco menos pobres, os ricos tem que ficar muito mais ricos".

Segundo ele, isto pode até parecer justo para alguns, mas não é sustentável.

"A humanidade está indo além da capacidade da biosfera sustentar nossas atividades anuais desde meados dos anos 1980. Em 2008, nós ultrapassamos essa capacidade anual em 23 de setembro, cinco dias antes do ano anterior".

Ele ainda afirma ser impossível que um dia toda a humanidade tenha o padrão de vida dos países desenvolvidos.

"Seriam necessários pelo menos três planetas Terra para sustentar essas necessidades se todos vivessem nos padrões da Grã-Bretanha. Cinco se vivêssemos como os americanos".

Para Simms, a Terra estaria inabitável há muito tempo antes que o crescimento econômico pudesse erradicar a pobreza.

Para que o mundo possa ter uma economia ecologicamente sustentável, segundo Simms, é preciso acabar com o preconceito de alguns em relação aoo conceito de "redistribuição", que, para ele, é o único modo viável de acabar com a pobreza.

"Só foi preciso alguns dias para que os governos da Grã-Bretanha e dos EUA abandonassem décadas de doutrinas econômicas para tentar resgatar o sistema financeiro de um colapso. Por que tem que demorar mais para introduzirem um plano para deter o colapso do planeta trazido por uma conduta irresponsável e ainda mais perigosa chamada obsessão pelo crescimento?".

Wednesday, October 08, 2008

Wozniak, entrevista e críticas á Apple

Wozniak prevê 'morte iminente' do iPod e fala sobre futuro da Apple e da indústria - O Globo Online
Publicada em 08/10/2008 às 15h57m
O Globo


RIO - Stephen Wozniak, o descendente de poloneses que fundou a Apple junto com Steve Jobs, deu uma entrevista extremamente franca para o Daily Telegraph sobre o futuro da empresa e da indústria de tecnologia. Entre outras controversas declarações, ele prevê a morte do produto mais popular da Apple, o iPod.

" O iPod já teve uma vida longa para começo de conversa "

- O iPod já teve uma vida longa para começo de conversa. Aparelhos como esse, se você olha para o passado e lembra dos rádios transistores e do Walkman, eles tendem a morrer depois de um tempo. É como se todo mundo tivesse um deles, ou dois ou três. Você chega num ponto em que ele está em todo lugar, pode ser comprado por um preço muito baixo e não vende mais tanto assim - analisa ele.

Wozniak parou de trabalhar na Apple em fevereiro de 1987, doze anos depois de fundá-la. No entanto, ele continua como funcionário da empresa (e recebe por isso) e se relaciona com Steve Jobs, além de possuir ações da companhia.

Na última semana, em meio à crise que afeta a economia global, as ações da Apple despencaram quase 20 pontos percentuais depois que analistas afirmaram que a queda no consumo poderia prejudicar gravemente os lucros da empresa. Qual a opinião de Wozniak sobre o assunto? Para ele, a supervalorização da web 2.0 e das redes sociais pode levar a uma versão menos grave da quebra de empresas pontocom ocorrida entre 2000 e 2002.

- Está na hora de toda a indústria de informática baixar um pouco a bola. Por 20 anos nós estamos nesse mercado de reposição e atualização. É muito fácil postergar isso quando há problemas financeiros - alerta Woz.

" Não é posssível satisfazer completamente os consumidores quando as empresa têm uma atitude muito proprietária e travam seus produtos "

Ele critica também a limitação imposta pela Apple na criação de aplicativos para o iPhone 3G. Qualquer programa criado para o smartphone precisa ser aprovado pela empresa para ficar disponível na App Store. O Google, por outro lado, lançou seu sistema operacional para celulares, o Android, em código aberto e liberou a criação de aplicativos para quaisquer desenvolvedores.

- Não é posssível satisfazer completamente os consumidores quando as empresa têm uma atitude muito proprietária e travam seus produtos. Eu gostaria de poder criar aplicativos mais poderosos do que é permitido - lamenta.

Sobrou até para os apaixonados fãs da Apple, cuja atitude religiosa em relação aos produtos da empresa pode prejudicar o avanço tecnológico, na opinião de Wozniak.

- Eu gostaria que os usuários influenciassem a próxima geração. Numa religião não é permitido contestar nada. Eu quero que nossos consumidores nos desafiem.

Brasileiros ganham o Ig Nobel Prize

2008 Ig Nobel Prizes honor research on stripper fertility and Coca-Cola as spermicide - Los Angeles Times
2008 Ig Nobel Prizes honor research on stripper fertility and Coca-Cola as spermicide.

Studies on armadillo mischief and flea athleticism also garner prizes, which are given for oddball scientific work.


By Mark Pratt, Associated Press
October 4, 2008

BOSTON -- Deborah Anderson had heard the urban legends about the contraceptive effectiveness of Coca-Cola products for years.

So she and her colleagues decided to put the soft drink to the test. In the lab, that is.

For discovering that, yes indeed, Coke is a spermicide, Anderson and her team are among this year's winners of the Ig Nobel Prize, the annual award given by the Annals of Improbable Research magazine to oddball but often surprisingly practical scientific achievements.

Actual Nobel laureates presented the awards Thursday at Harvard University.

Anderson, a professor of obstetrics and gynecology at Boston University's School of Medicine, and her colleagues found that not only is Coca-Cola a spermicide, but that Diet Coke works best.

Their study appeared in the New England Journal of Medicine in 1985.

"We're thrilled to win an Ig Nobel, because the study was somewhat of a parody in the first place," Anderson said, adding she does not recommend using Coke for birth control.

A group of Taiwanese doctors was honored for a similar study that found Coca-Cola and other soft drinks were not effective contraceptives. Anderson said the studies used different methodology.

A Coca-Cola spokeswoman refused to comment on the Ig Nobel awards.

Meanwhile, Geoffrey Miller's award-winning work could affect the earning potential of exotic dancers everywhere.

Miller, an associate professor of psychology at the University of New Mexico, and his colleagues knew of previous studies that found women are more attractive to men when at peak fertility.

So they took the work one step further -- by studying the earnings of exotic dancers.

For the 18 subjects Miller studied, average earnings were $250 for a five-hour shift. That jumped to $350 to $400 when the women were at their most fertile, he said.

"I have heard, anecdotally, that some lap dancers have scheduled shifts based on this research," he said.

Among the other winners:

* Archaeology: Astolfo Gomes de Mello Araujo and Jose Carlos Marcelino of the University of Sao Paulo in Brazil for showing that armadillos can scramble the contents of an archaeological dig.

* Biology: Marie-Christine Cadiergues, Christel Joubert and Michel Franc of the National Veterinary College of Toulouse in France for discovering that fleas that live on a dog can jump higher than fleas that live on a cat.

* Cognitive science: Toshiyuki Nakagaki of Hokkaido University in Japan and colleagues for discovering that slime molds can solve puzzles.

* Medicine: Dan Ariely of Duke University for demonstrating that expensive fake medicine is more effective than cheap fake medicine.

* Peace: The Swiss Federal Ethics Committee on Non-Human Biotechnology and the citizens of Switzerland for adopting the legal principle that plants have dignity.

* Physics: Dorian Raymer of the Scripps Institution of Oceanography in San Diego and Douglas Smith of UC San Diego for proving that heaps of string or hair inevitably tangle.

Quebra fundamental leva Nobel de Física

:: Agência FAPESP :: Notícias - Quebra fundamental leva Nobel de Física
8/10/2008

Agência FAPESP – Dois japoneses e um japonês naturalizado norte-americano são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 2008, segundo anúncio feito nesta terça-feira (7/10) na Suécia.

Yoichiro Nambu, 87 anos, do Instituto Enrico Fermi da Universidade de Chicago, natural de Tóquio, mas que desde a década de 1950 vive nos Estados Unidos, receberá metade do prêmio, “pela descoberta do mecanismo da quebra espontânea de simetria na física subatômica”, segundo o comunicado do comitê do Nobel.

A outra metade do prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 3 milhões) será dividida entre Makoto Kobayashi, 64 anos, da Organização de Pesquisa de Aceleração em Alta Energia, e Toshihide Maskawa, 68 anos, do Instituto Yukawa de Física Teórica da Universidade de Kyoto, “pela descoberta da origem da quebra de simetria, a qual prevê a existência de pelo menos três famílias de quarks na natureza”.

“Graças à quebra de simetria, nós estamos aqui hoje”, disse Gunnar Öquist, secretário-geral da Academia Real de Ciências da Suécia, durante o anúncio do prêmio.

Há séculos os físicos têm tentado descobrir as leis definitivas da natureza por meio da busca por simetrias, ou propriedades que se manifestam da mesma forma mesmo em circustâncias diferentes. Mas, em 1960, Nambu sugeriu que algumas das simetrias poderiam, na realidade, estar escondidas, ou “quebradas”.

Um lápis em pé sobre uma mesa, por exemplo, representa algo simétrico, mas instável, e acabará caindo e apontando para um lado. O princípio passou a integrar a moderna física de partículas. “Temos que procurar por simetrias mesmo quando não as podemos ver”, disse Michael Turner, professor da Universidade de Chicago, ao The New York Times. Turner descreve o colega como “o homem mais humilde de todos os tempos”.

Em 1972, Kobayashi e Maskawa mostraram que se houvesse três gerações de partículas elementares chamadas quarks (os constituintes de prótons e nêutrons), o princípio da quebra de simetria poderia explicar uma enigmática assimetria conhecida como violação de CP.

Trata-se de um produto de duas simetrias: carga (C) e paridade (P). A descoberta, feita em 1964 pelos norte-americanos James Cronin e Val Fitch, deu aos dois o Nobel de Física de 1980. Até então, os cientistas assumiam que se as cargas positivas e negativas nas equações de partículas elementares fossem trocadas o resultado seria o mesmo.

Mas como a natureza funciona de modo diferente, ou seja, ela não se comporta de forma simétrica, isso explicaria por que o Universo é feito de matéria e não de antimatéria, uma das questões que o LCH, o maior acelerador de partículas do mundo, pretende ajudar a responder.

Também em 1964, o físico inglês Peter Higgs usou os conceitos lançados por Nambu para explicar o que tem sido chamado de origem da massa. Segundo ele, as partículas fundamentais obtêm suas massas de um campo invisível que permeia o espaço desde os primórdios do Universo.

Comprovação em 2001

A descrição matemática da quebra de simetria espontânea, feita originalmente por Nambu, mostrou-se extremamente útil. As idéias permeiam o modelo padrão da física de partículas, que unifica os menores blocos formadores da matéria e três (nuclear forte, nuclear fraca e eletromagnética) das quatro forças fundamentais da natureza (a outra é a gravidade) em uma única teoria.

As quebras de simetria são ocorrências espontâneas que aparentemente existem desde o início do Universo. Apesar de terem sido detalhadas em 1972, por Kobayashi e Maskawa, apenas recentemente experimentos comprovaram as idéias.

Em 2001, dois detectores de partículas, um em Stanford, nos Estados Unidos, e outro em Tsukuba, no Japão, detectaram a quebra de simetria, em resultados exatamente iguais ao previsto pelos físicos japoneses três décadas antes.

A quebra de simetria explica a seqüência do próprio Big Bang, a grande explosão que teria originado o Universo há cerca de 14 bilhões de anos. Se quantidades iguais de matéria e de antimatéria tivessem sido criadas, uma deveria ter aniquilado a outra.

Isso não ocorreu por que teria havido uma pequena variação na forma de uma partícula extra de matéria para cada 10 bilhões de partículas de antimatéria. E é a pequena, mas crucial quebra de simetria que garantiu a sobrevivência do Universo.

O Nobel de Química será anunciado nesta quarta-feira (8/10). Os prêmios – cheques, medalhas de ouro e diplomas – serão entregues em 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Bernhard Nobel (1833-1896), o inventor da dinamite.

Mais informações: http://nobelprize.org.